Linguagem, poder, sociedade e suas relações

Entre os muitos objetivos por trás das estratégias de um processo comunicativo está a intenção de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa. Embora as pessoas falam para comunicar verbalmente, elas também comunicam seus sentimentos, condição social, etc. Desse modo a comunicação serve para influenciar difundir ideias e ideologias, sejam elas quais forem.

Nas sociedades as relações de poder estão instituídas e linguagem acompanha esse fluxo. Mas o que é o poder? O poder é uma relação social específica na qual o dominante e dominado se confrontam. Assim sendo, o dominante exerce controle sobre o dominado, por meio da força física, econômica, intelectual. Portanto, uma das formas de exercer o poder através da cultura é pela linguagem.

O idioma como artifício cultural

Ao nascer nos deparamos com um mundo já constituído com suas normas e relações sociais constituídos. Dessa forma o idioma que aprendemos é pré-determinado e com ele estará atribuído determinados valores culturais, sociais e históricos. Em outras palavras as pessoas crescem em um mundo que já está pronto e influenciado pela cultura linguística atribuída a ele.

Por essa razão desenvolvemos a nossa consciência individual através das experiências deste mundo, como todas suas regras. Finalmente a linguagem de cada indivíduo recebe uma formação semelhante ao da sociedade existente e está intimamente conectada com a consciência individual.

A expressão do poder através da linguagem

De acordo com a sociedade em que um indivíduo se encontra inserido a sua maneira de se comunicar é um reflexo de seu grupo social. Por esse motivo é possível identificar diversas características através da fala e de como se comunica uma pessoa. Dessa forma é possível perceber como através da linguagem é possível exprimir poder e dominância sobre outras pessoas.

De fato, não é necessariamente obrigatório que as pessoas envolvidas em uma conversa sejam de distintos grupos sociais para poder observar esse tipo de comportamento. Por essa razão até mesmo dentro de um contexto social estruturado é possível perceber esse fenômeno.

O poder da linguagem

Assim sendo, ser capaz de se comunicar não é a mesma coisa que dominar um código linguístico. Ou seja, a linguagem define-se pela capacidade de se comunicar com o mundo de uma forma que este te entenda. Desse modo a linguagem atravessa a barreira dos códigos linguísticos.

Além do mais a linguagem não pode ser categorizada apenas como um elemento fundamental da comunicação, senão um aspecto fundamental da identidade. De tal modo que as palavras ou a maneira que expomos nossa opinião acaba por refletir, de certo modo, quem somos. Assim sendo através de um idioma somos inseridos em uma sociedade.

A linguagem no âmbito político

Desde o início das ideais de um sistema político, a linguagem sempre caminhou de mãos dadas com a política. Logo percorrendo a história através de Aristóteles até os dias atuais. Através dos filósofos sofistas, do Renascimento ou das revoluções liberais que acabariam por dar origem ao parlamentarismo e aos regimes de opinião pública, como a democracia.

Portanto a linguagem e o poder sempre apareceram juntos. Decerto, foi precisamente Aristóteles em “Política” que muito cedo definiu o homem como um “animal falante” e também como um “animal político”; duas definições que, na realidade, eram uma só. Em suma, o exercício da atividade política há muito necessita da ferramenta essencial da linguagem. Além disso, à medida que as sociedades se democratizavam, o sufrágio se expandia para se tornar verdadeiramente universal e os direitos se expandiam, o papel da linguagem tornou-se cada vez mais indispensável.